Celso Neves, conhecido como “El Fenómeno”, é um dos nomes portugueses em ascensão no boxe profissional. Natural de Portugal, mas atualmente a viver na Suíça, Celso foi campeão nacional suíço na categoria super-médio e construiu uma carreira sólida longe dos holofotes. Em entrevista exclusiva à FightNews Portugal, o pugilista fala do início no desporto, da sua paixão pelo boxe, dos desafios como emigrante e da vontade de regressar ao ringue em solo português.

ENTREVISTA | CELSO “EL FENÓMENO” NEVES

FightNews: Como e quando surgiu o teu primeiro contacto com os desportos de combate? Foi logo o boxe ou passaste por outras modalidades antes?

Celso “El Fenómeno” Neves: Comecei no desporto muito cedo, por volta dos 6/7 anos, com futsal e depois futebol. Em meados de 2006, comecei a ver boxe na televisão e a treinar em casa. Mais tarde, fui assistir a um combate do Kikanga, o que me motivou ainda mais. A partir daí comecei a treinar numa academia de boxe em Fânzeres.
Após alguns meses, o “bicho” do boxe começou a puxar-me para outros patamares. Foi então que procurei o Boavista, onde levei o boxe mais a sério, deixando o futebol para trás.

FightNews: O que te motivou a enveredar pelo boxe de forma mais séria e profissional? Houve algum momento decisivo?

Celso “El Fenómeno” Neves: Foi a paixão pelo boxe, que nasceu ao ver vídeos de profissionais, especialmente do Floyd Mayweather, cuja forma de lutar me fascinava. A vontade de ser lutador veio daí, mesmo sabendo que teria de começar por baixo, com combates amadores.
Na altura, em Portugal, havia poucas oportunidades e o meu sonho era grande demais. Por isso decidi ir para a Suíça para me poder tornar profissional.

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FightNews: Quais foram os principais desafios que enfrentaste no início da tua carreira? E hoje, quais continuam a ser os maiores obstáculos?

Celso “El Fenómeno” Neves: Os principais desafios sempre foram, e continuam a ser, a falta de apoio de patrocinadores. A Suíça é um país desenvolvido, mas o boxe ainda é visto como um tabu por muitas grandes empresas. Isso torna o caminho difícil para qualquer atleta — e sendo de origem africana, por vezes, os obstáculos aumentam devido às desigualdades que ainda existem.

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FightNews: Como tem sido a experiência de competir e viver na Suíça? Que diferenças encontras em relação ao boxe praticado em Portugal?

Celso “El Fenómeno” Neves: No início, foi uma experiência muito difícil — a barreira da língua (alemão) e a diferença cultural em relação a Portugal pesaram. Mas hoje sinto-me bem integrado e as coisas funcionam bem.
Já vivo na Suíça há 13 anos e noto uma grande mudança no boxe em Portugal. Vejo mais pessoas a praticar, mais atletas a competir e mais eventos a acontecer. A maior diferença está na organização: a nível federativo, a Suíça está mais organizada. Em termos de atletas, Portugal está muito forte e tem talento para competir com qualquer país. O que falta são melhores oportunidades e um planeamento de carreira mais estruturado.

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FightNews: Ser campeão suíço na categoria super-médio é um feito impressionante. Que significado tem para ti este título?

Celso “El Fenómeno” Neves: Fui campeão suíço em 2021. Sem dúvida, foi um grande feito e abriu-me portas para novos desafios na carreira.

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FightNews: Tens algum ídolo no boxe que te inspira ou que tenha influenciado o teu estilo?

Celso “El Fenómeno” Neves: Sim, o Floyd Mayweather Jr. e o Christian Mbilli são lutadores que me inspiram bastante.

FightNews: Como está a ser a tua preparação neste momento? Tens combates ou competições importantes já agendadas para este ano?

Celso “El Fenómeno” Neves: Sim. Depois de um ano parado, sem boxe e sem treinos, devido a várias lesões, regressei no sábado, dia 5 de abril, em Montreux, na Suíça. Foi um regresso em grande — ganhei por KO explosivo no 6.º assalto. Agora começo de imediato uma preparação intensa para o próximo combate, que será a 10 de maio, em França.

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FightNews: Tens vontade de lutar em Portugal num futuro próximo? O que significaria para ti combater “em casa”?

Celso “El Fenómeno” Neves: Lutar em casa teria um significado muito especial para mim. É algo que gostaria muito de fazer, não só para realizar esse sonho, mas também para que as pessoas que me apoiam em Portugal possam acompanhar-me de perto — não apenas à distância.

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FightNews: Por fim, que mensagem gostarias de deixar ao público português que te acompanha e admira o teu trabalho, mesmo à distância?

Celso “El Fenómeno” Neves: Gostaria de dizer ao público português que estou muito grato por todo o apoio, pelas mensagens e pelo carinho que recebo. Essa motivação significa muito para mim.